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sábado, 31 de dezembro de 2011

Desejo que você
Não tenha medo da vida, tenha medo de não vivê-la.
Não há céu sem tempestades, nem caminhos sem acidentes.
Só é digno do pódio quem usa as derrotas para alcançá-lo.
Só é digno da sabedoria quem usa as lágrimas para irrigá-la.
Os frágeis usam a força; os fortes, a inteligência.
Seja um sonhador, mas una seus sonhos com disciplina,
Pois sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas.
Seja um debatedor de idéias. Lute pelo que você ama.
Augusto Cury

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo !!!


Que esse ano que está por vir seja repleto de PAZ, SAUDE, SABEDORIA E ESPERANÇA PARA TODOS!!!



Luisjr

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Lutas na Educação Física Escolar

Provavelmente os primeiros sistemas de luta, evoluíram junto com os seres humanos, pois os mesmos sempre tiveram que se defender de animais ou mesmo de outros seres humanos. A luta é um dos esportes mais antigos do mundo sua origem pode ser encontrada em desenhos feitos há 15 mil anos, localizados em grutas francesas.(Darido.S.C 2007).
                O tema lutas é proposto pelos PCN’s para a Educação Física Escolar, como meio de se ter aulas com mais qualidade e atingir os objetivos gerais da Educação Física. Lutas não são somente as práticas tidas como tradicionais (Judô, Taekwondo, Karatê), mais também a prática da luta informal.
                Na Educação Física do ensino infantil ao ensino médio, comprova-se grande aceitação por parte dos alunos de diversas faixas etárias.(Ferreira.H.S 2006).
Abaixo postarei algumas atividades que trabalham com êxito o tema:
Puxar e empurrar em duplas, trios, quartetos, até a turma toda:
·         Divida a turma em duplas, procurando formar pares que se equilibrem no peso e altura;
·         Os dois membros da dupla iniciam a atividade sentados e de mãos dadas, um de frente para o outro;
·         Ao mesmo tempo, a dupla tentará ficar em pé.
Briga de Galo
·         Divida a turma em duplas, Procure formar duplas que se equilibrem no peso e altura;
·         Frente a frente, de cócoras, cada um da dupla deve tentar desequilibrar o colega, até que um dos dois caia no chão.
Sumo
·         Divida a turma em duplas; cada dupla fica em um circulo de aproximadamente dois metros de diâmetro desenhado no chão.
·         O objetivo é tirar o adversário do circulo ou derruba-lo apenas empurrando com força de braço e tronco.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Habilidades Motoras Segundo Gallahue

Podemos considerar como habilidades motoras quase todos os movimentos ou toda ação,ato ou tarefa motora capaz de atingir um resultado final com a máxima certeza, com mínimo dispêndio de energia e ou tempo.
O andar é reconhecido como primeiro padrão fundamental de movimento ou habilidade básica a se desenvolver. A ele seguem-se outros padrões fundamentais ou habilidades básicas como: correr, saltar, arremessar, receber, quicar, rebater e chutar.
Habilidades Básicas:
São atividades motoras voluntarias que permitem a Locomoção e a Manipulação em diferentes situações, caracterizadas por uma meta geral, ou seja, não especifica, e que servem de base para uma aquisição futura de tarefas mais complexas.
Habilidades Perceptivas:
São atividades motoras que envolvem a percepção do executante, através de estímulos, visuais, auditivos, táteis e cenestésicos recebidos e que são interpretados pelos centros cerebrais superiores os quais emitem a decisão e resposta, possibilitando os ajustes ao ambiente e no comportamento motor,
Habilidades Especificas:
São atividades motoras voluntarias mais complexas e com objetivos específicos, como a cortada no voleibol, arremesso á cesta e bandeja no basquetebol
Habilidades Discretas ou Não Repetitivas:
São habilidades executadas de uma só vez, são caracterizadas por ter um inicio e um fim definidos, embora possam ser repetidas mais de uma vez numa situação esportiva.
Habilidades Continuas ou Repetitivas:
São habilidades executadas de maneira contínua ou com movimentos que se repetem continuamente, durante a execução da habilidade, são caracterizadas por não ter inicio nem fim bem definidos.É o executante ou alguma força externa que determina o inicio e o fim da habilidade, ao invés da própria.
Exemplo: nadar, pedalar e etc.
Habilidades Não Repetitivas em Seqüência:
São habilidades não repetitivas colocadas em series e executadas de uma maneira para formar outras ações mais complexa.  
Habilidades Fechadas:
São habilidades executadas sem que o aprendiz tenha que tomar decisões rápidas pois não se tem mudanças bruscas de condições no ambiente, a habilidade é realizada em ambiente estável e previsível, porque o estimulo para a execução ocorre sob condições fixas e sem mudança no ambiente.
Habilidades Abertas:
São habilidades onde a execução depende das ações dos estímulos externos ou das ações de seus oponentes pois essas habilidades se desenrolam em um ambiente que muda no tempo e no espaço e por isso o executante não pode ficar parado ou quase decidir apenas por si o momento da ação ou reagir, o executante deve se movimentar e agir conforme o desenrolar das ações a serem realizadas pelos seus oponentes.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Fases do Desenvolvimento Motor Segundo Gallahue

Movimentos Reflexos:
Estágio de Codificação de Informações – 0 á 4 meses
Estágio de Decodificação de Informações – 4°mês á 1 ano.
Movimentos Rudimentares:
Estágio de inibição de Reflexos – por volta de 1 ano de idade
Estágio de Pré-Controle – 1 aos 2 anos.
Movimentos Fundamentais:
Estágio Inicial – 2 aos 3 anos.
Estágio Elementar – 4 aos 5 anos.
Estágio Maduro – 6 aos 7 anos.
Fase Motora Especializada:
Estágio Transitório – 7 aos 10 anos (habilidades gerais).
Estágio de Aplicação – 11 aos 13 anos (habilidade específica).
Estágio de Utilização Permanente ou das Habilidades Especializadas – 14 anos e acima.

Desenvolvimento Motor

O Desenvolvimento Motor do ser Humano é constantemente influenciado pelas restrições impostas, ora pelo organismo, ora pelo ambiente, ora pela tarefa (atividades motoras), que se interagem na busca de um estado de equilíbrio que o torne estável, até que algum fator provoque desequilíbrio, trazendo com ele mudanças qualitativas deixando o sistema melhor organizado e capacitado para realizar tarefas motoras.
Ao estudar o desenvolvimento motor pode-se identificar as fases específicas de um trabalho motor cada vez mais organizado, podendo também identificar os mecanismos e as variáveis que influenciam o desenvolvimento motor (Gallahue,2002).

Aprendizagem Motora

A aprendizagem Motora defini-se como um processo no qual o individuo aprende a executar uma ação motora que ele não executava.
A definição de Aprendizagem Motora reflete 4 conceitos.
  • Aprendizagem é um processo mediante o qual se adquire a capacidade para uma ação hábil.
  • Aprendizagem resulta da experiência e ou da prática.
  • Aprendizagem não pode ser medida diretamente, em vez disso é deduzida ou aferida a partir do comportamento motor demonstrado ou pelo desempenho apresentado.
  • Aprendizagem produz mudanças relativamente permanentes no comportamento motor; portanto mudanças breves ou de curto prazo não são consideradas como aprendizagens (Shimidt, 1993).
No contexto educativo a Aprendizagem Motora promove no conjunto de atividades globais da criança.
No contexto esportivo-competitivo estuda e aprimora a aquisição de desempenho performance técnico de habilidades motoras isoladas.
A Aprendizagem Motora é um processo interno, não diretamente observável, e só pode ser deduzida pelo Comportamento Motor do aprendiz, ou seja, pelo seu desempenho da tarefa motora. Isto significa que, algumas características (da Habilidade) aparecem relacionadas ao desempenho demonstrado, e, que são indicadores chaves de que houve o desenvolvimento da aprendizagem, ou seja, houve uma aquisição não observável, de uma habilidade.
A aprendizagem pode ser classificada como ocorrendo em 3 domínios do comportamento humano: Cognitivo, Afetivo – Social e Motor.
Domínio Cognitivo: quando enfatizamos a lembrança de um material verbal, o conhecimento, a interpretação, a resolução de problemas, a criatividade, lembranças de regras, compreensão de estratégias ou táticas, estaremos sendo influenciados pelo comportamento no Domínio Cognitivo.
Domínio Afetivo – Social: quando os objetivos a serem trabalhados, tratarem basicamente de sentimentos, emoções, motivações, valores, atitudes, responsabilidade, atenção, apreciação, organização ou estruturação de valores em um sistema ou na caracterização de valores, são exemplos de comportamentos no Domínio Afetivo – Social.
Domínio Motor: quando enfatizamos movimentos ou a coordenação de movimentos de parte ou do corpo inteiro, seja na aprendizagem de um saque de voleibol, de um salto ou de um arremesso, estaremos enfatizando ou influenciando mudanças no comportamento do Domínio Motor ou também chamado de Domínio Psicomotor.

domingo, 24 de julho de 2011

A Importncia dos brinquedos no desenvolvimento das crianças

ID - EGO - SUPEREGO

ID
Principio do prazer/ Area Instintiva/ Substrato biologico da personalidade/ Interior.

EGO
Principio da realidade/ Área de mediação entre o instinto e a realidade/ Principio de execução dependente da subjetividade e da objetividade/ Mediador.

SUPEREGO
Principio da constância/ Área dos valores morais aprendidos socialmente/ Valores ideais do ego.

sábado, 23 de julho de 2011

Desenvolvimento Psicossexual da Criança

Estágio Oral (1º ano)
Durante o primeiro ano de vida, a criança estabelece uma relação mágica com o mundo através da boca, na medida em que a sua primeira necessidade vital envolve a alimentação, mediatizada pela mãe. A criança satisfaz e gratifica sua fome através da sua cavidade bucal, dos lábios e da mamada, por meio da qual também incorpora e suga o os objetos, os outros e as suas proprias extremidades, pela estimulação tátila-cinestésica, erótica, agradavel, que tal exploração corporal provoca, pois está conectada com os centros de prazer do cérebro.
O id já está presente no nascimento, sua satisfação é o motivo  da sua identificação primária. Mais tarde, a criança desenvolve os dentes, com os quais morde e mastiga, demostrando, nas palavras de Freud (1968b), uma agressividade primaria e um dos estado sádico-oral, também importantes para a sua autonomia. Nesta fase a boca contitui o orgão privilegiado de prazer e de relação com o outro - em especial, a mãe - com o mundo exterior, com o objeto e com o proprio corpo. O pôr a mão e o pé ou qualquer objeto acessivel na boca traduzem necessariamente mais um dos aspectos importantes da incorporalização emergente do ego.

Estágio Anal (2º - 4º anos)
A passagem por este estádio subentende o controle do esfingter anal, cujo descontrole prolongado pode implicar uma sensação de desconforto e de insegurança, com várias implicações no desenvolvimento da personalidade. Em paralelo com esta pulsão sádica e de destruição do objeto, surge um aspecto de "regulação" social: tenta-se persuadir a criança e uma facilitação, e posteriormente, a uma inibição de um impulso instintivo de auto-suficiencia. Trata-se de um periodo no qual podem ocorrer os primeiros "conflitos" e as primeiras "repressões" que se exercem no âmbito da constelação parental, familiar ou inserção social em uma instituição materno-infantil.
A libido ligada à evacuação e à excitação da mucosa anal, o prazer de eliminar, de regular e de reter, impregnados de significação sádica e de controle possessivo e somático, vão fazer surgir o dominio dos esfincteres, um dominio do corpo que permite a pulsão de dominação e de afirmação face ao mundo exterior, a que se pode associar o desejo de destruição de tudo aquilo que oponha a tal tomada de posição.

Estádio Fálico ( 3º - 5º anos)
Neste periodo, o orgão genital, o falo (vagina e penis), torna-se a zona erógena dominante, na medida em que espelha a pulsão agressiva de independencia como natural prolongamento da pulsão de dominação, ao mesmo tempo que se torna tambem em orgão de exploração e de satisfação, mesmo de mastubação genital, em que  o "ódio" pelo rival edipiano se vem instalar simultaneamente e do qual mais tarde brota a pulsão do amor.
Nascem neste estádio as manifestações auto-eróticas próprias desta idade. É neste periodo que se desenvolvemt também os complexos de Édipo e de Electra. De uma forma simplificada, podemos dizer que neste complexo envolve a atração sexual pelo progenitor do sexo oposto e a hostilidade e a oposição com o progenitor do mesmo sexo.O menino deseja a mãe e "opõe-se" ao pai, a menina deseja o pai e "opõe-se" a mãe.
Para Freud (1962), este complexo desempenha um papel muito importante nas atitudes adultas. A sequencia do complexo de Édipo no menino e do complexo de Electra na menina são diferenciados. No menino, o pai é um rival temido porque pode "castrar" os seus orgãos sexuais ( é nisto que se consubstancia a ansiedade de castração). Progressivamente o seu comportamento tende a reprimir o desejo sexual pela mãe, vindo, posteriormente, a identificar-se com o pai. Na menina, o problema é diferente, porque ela tende a tornar a mãe responsavel pela sua condição de castrada. O pai, mais tarde, é o objeto amado, porque possui o orgão que ela desejava possuir.A menina não passa pela ansiedade de castração, porque adota uma coação realista à sua condição sexual, não estabelecendo com o pai, desse modo, uma relação de repressão fantasmizada, o que favorece as aquisições educativas e o desenvolvimento das funções cognitivas.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A Inteligência para Piaget

A inteligência para Piaget , é a resultante e o resultado da experiência do indivíduo. Segundo ele, é através da experiência como ação e, portanto, como motricidade que o individuo simultaneamente integra e incorpora o mundo exterior e o vai transformando.
No primeiro caso opera-se a assimilação do mundo exterior e, no segundo, a acomodação ao mundo exterior, isto é, em síntese, o individuo, ao transformar o mundo exterior, transforma o seu mundo interior, transformando-se em si próprio.
Piaget possui uma visão da inteligência ou da cognição humana como uma adaptação biológica especifica de um organismo complexo e um envolvimento  igualmente complexo, um sistema cognitivo extremamente ativo, que seleciona e interpreta a informação do envolvimento à medida que constrói o seu conhecimento.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A Educação Física Escolar como matéria de ensino

     

A Educação Física Escolar como matéria de ensino - têm suas raízes na Europa de fins do século XVIII e início do século XIX. Com a criação dos chamados Sistemas Nacionais de Ensino, a Ginástica, nome primeiro dado à Educação Física e com caráter bastante abrangente, teve lugar como conteúdo escolar obrigatório.

QUADRO DO MOVIMENTO DO PENSAMENTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
A EDUCAÇÃO FÍSICA E SEU CONTEÚDO DE ENSINO NO TEMPO

MOVIMENTO DO PENSAMENTO NA EDUCAÇÃO FÍSICA
CRONOLOGIA
CONTEÚDO A SER ENSINADO NA ESCOLA
MOVIMENTO GINÁSTICO EUROPEU
SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX
- GINÁSTICA QUE COMPREENDIA
EXERCÍCIOS MILITARES; JOGOS;
DANÇA; ESGRIMA; EQUITAÇÃO;
CANTO.
MOVIMENTO ESPORTIVO
AFIRMA-SE A PARTIR DE 1940
- ESPORTE - HÁ AQUI UMA HEGEMONIZAÇÃO DO ESPORTE NO CONTEÚDO DE ENSINO.
PSICOMOTRICIDADE
AFIRMA-SE A PARTIR DOS ANOS 70 ATÉ OS DIAS DE HOJE
- CONDUTAS MOTORAS
CULTURA CORPORAL
CULTURA FÍSICA
CULTURA DE MOVIMENTO
TEM INÍCIO NO DECORRER DA DÉCADA DE 80 ATÉ NOSSOS DIAS
- GINÁSTICA, ESPORTE, JOGO,
DANÇA, LUTAS, CAPOEIRA...

A Ginástica compreendia marchas, corridas, lançamentos, esgrima, natação, equitação, jogos e danças. Surgiu na sociedade ocidental moderna como um movimento de caráter popular e sem qualquer relação com a instituição escolar. Este movimento, bastante vigoroso em todo o século XIX, teve sua denominação definida a partir do país de origem e ficou também conhecido como "escolas" ou "métodos de ginástica". Os mais conhecidos no Brasil foram o Método francês, alemão e sueco, sendo o mais divulgado e que serviu de modelo para um método nacional de ginástica em nosso país, o Método francês. Estes métodos e/ou escolas de ginástica não pensaram a Ginástica na escola, mas os pedagogos e os médicos buscaram neles os princípios básicos para elaborar os conteúdos de ensino da escola, uma especificidade da Ginástica para a escola. Esta Ginástica compreendia exercícios individuais, em duplas, quartetos; o ato de levantar e transportar pessoas e objetos; esgrima; danças; jogos e posteriormente, já no final do século XIX, os jogos esportivos; a música; o canto e os exercícios militares. Durante todo o século XIX vamos encontrar esta abrangência e diversidade de conteúdos de ensino e, sobretudo, uma clara especificidade.

As ciências que dão suporte aos estudos e pesquisas deste conteúdo são aquelas de natureza física e biológica. E isto se deve ao fato de, naquele momento, não haver ainda uma ciência de natureza social. Aqueles que pensaram a atividade física a partir de parâmetros científicos, naquele momento, o fizeram com os instrumentos de seu tempo. É preciso acentuar por exemplo que a Sociologia só irá se constituir como ciência na segunda metade do século XIX e seu estatuto foi dado elaborado a partir da Física; a Antropologia foi, em suas origens, basicamente determinada pela história natural; a Psicologia de fortes características experimentais é também filha deste período; a História era metodologicamente dominada pelo relato cronológico protagonizado pela nobreza, igreja e Estado. Ficavam as atividades físicas, quando tratadas pela ótica científica, e isto era um fator fundamental à sua afirmação e desenvolvimento, diretamente ligadas ao universo científico já constituído, ou seja, aquele das ciências naturais. A partir da última década do século XIX, o termo ginástica ainda é largamente utilizado para denominar a aula que trata das atividades físicas, mas já vem surgindo um outro termo, com o qual convivemos até hoje: Educação Física. Este termo vem acompanhado de um requinte no âmbito da pesquisa científica. Tem lugar a educação do gesto, pensada a partir de análises laboratoriais. Tem lugar também um conteúdo predominantemente de natureza esportiva. A abrangência anterior perde terreno para a aula como o lugar do treino esportivo e do jogo esportivo como conteúdo senão único, certamente predominante. O modelo de aula é buscado nos parâmetros fornecidos pelos métodos de treinamento. As partes constitutivas de uma aula são ditadas mais pela Fisiologia, agora já acrescida do item "esforço", do que pela Pedagogia. Uma parte inicial da aula será destinada a um trabalho de natureza aeróbica, com um tempo para corridas e saltitamentos; numa segunda parte da aula vamos encontrar exercícios de força, flexibilidade e agilidade; numa terceira parte alojam-se os fundamentos de um determinado jogo esportivo com sua posterior aplicação propriamente dita e, para finalizar, há uma volta a calma. A obra de Auguste Listello é singular para afirmar esta hegemonia esportiva no ensino de Educação Física na escola, bem como o modelo de aula baseado nos parâmetros do treinamento esportivo. Todavia, cabe ressaltar que, mesmo com a predominância de um conteúdo de natureza esportiva, a já chamada Educação Física mantém sua especificidade no interior da instituição escolar. O seu conteúdo é de domínio daquele que ensina. Esta situação da chamada Educação Física, pelo menos no Brasil, persiste até a década de 70 quando então, passamos a vivenciar uma situação inédita. A Educação Física perde sua especificidade. Talvez este seja um dos momentos mais ricos e mais contraditórios de sua história recente. Com a afirmação, num primeiro momento da Psicomotricidade nós vamos ter um lado, um vigoroso envolvimento da Educação Física com as tarefas da escola, com o desenvolvimento da criança, com o ato de aprender (talvez bem mais do que com o de ensinar), com os processos cognitivos, afetivos e psicomotores. Mergulhamos num outro universo teórico, metodológico e lingüístico. Descobrimos, naquele momento, que estávamos na escola para algo maior, para a formação integral da criança. A Educação Física era apenas um meio. Um meio para aprender Matemática, Língua Portuguesa, História, Geografia, Ciências... era um meio para a socialização. Meio, esta metáfora biológica e evolucionista foi largamente utilizada pela Educação de um modo geral e pela Educação Física de modo específico. Naquele momento, a Educação Física não tem mais um conteúdo seu, ela é um conjunto de meios para... ela passa a ter um caráter genérico: será de reabilitação? de readaptação? de integração? Talvez ela tenha se tornado um pouco de tudo isto sem exatamente ser tudo isto. Afinal onde ficou a especificidade? Não dá para esquecer que este foi o momento no qual todas as pessoas envolvidas ou não com ensino, davam palpites sobre o que deveria ou não ser do domínio da Educação Física na escola. E o professor começava a sentir-se constrangido se ele não falasse o discurso da psicomotricidade ou melhor, se ele dissesse que ensinava ginástica, esportes, etc. O discurso e prática da Psicomotricidade pretendeu então substituir o conteúdo até então predominante, de natureza esportiva. Talvez possamos sugerir que é a primeira vez em sua história na instituição escolar que a Ginástica, depois chamada de Educação Física é substituída ou pretende-se que seja, por um conhecimento do professor, um conhecimento básico e fundamental de sua formação, mas não necessariamente um conhecimento a ser pedagogizado, ensinado. Conforme podemos observar no quadro apresentado é possível afirmar que as atividades criadas pelo homem no plano da técnica, da ciência e, portanto, da cultura, prevaleceram como conteúdos de ensino da Educação Física até o surgimento da Psicomotricidade no seu domínio, muito embora desde o século XIX já houvessem estudos bastante precisos sobre o gesto e sobre o ato de aprender este gesto. Desde o século XIX, o movimento genérico dos animais e do homem foi objeto de atenção e de um grande número de pesquisas experimentais. A análise do movimento é um tipo de estudo que encontramos de modo mais compreensível já em Amoros e Ling na primeira metade do século XIX e de modo mais preciso, dados os avanços científicos, em Demeny já no final do século XIX e, sobretudo na primeira década deste século. Mas o que aparece como conteúdo de ensino, repito, é a Ginástica, o Jogo Esportivo, a Dança, a Esgrima, Canto, Música. Desde suas origens na sociedade ocidental moderna, vamos sempre encontrar a inegável importância de um conhecimento do corpo sob o ponto de vista da anatomia, fisiologia e mecânica do movimento. Mas também, desde as suas origens vamos encontrar preocupações de natureza pedagógica, busca de relação entre o físico e o mental, socialização, etc. Mas o conteúdo de ensino está lá, mantém seu caráter de especificidade, altera-se em abrangência, profundidade, mas não se confunde.

O discurso e prática da Educação Física sob a influência da Psicomotricidade, coloca de modo nunca antes visto a necessidade do professor de Educação Física sentir-se um professor com responsabilidades escolares, pedagógicas. Busca desatrelar sua atuação escolar dos cânones da instituição desportiva, valorizando o processo de aprendizagem e não mais a execução de um gesto técnico isolado. Muito bem, se de um lado isto foi extremamente benéfico, de um outro foi o início de um abandono do que era específico da Educação Física, como se o que ela ensinasse de específico fosse, em si, maléfico ao desenvolvimento dos alunos e a sua inserção na sociedade. A crítica de natureza mais política que se instaura na década de 80 vai exacerbar, agora com outras tintas, a negação do conteúdo da Educação Física atribuindo ao Esporte e a Ginástica, sobretudo, o caráter de elementos de alienação. As análises de conjuntura substituíram as discussões propriamente acadêmicas que, embora constitutivas de uma dada conjuntura, guardam sua diferença. Uma vez mais se afirmou um discurso que negou a especificidade da Educação Física. Talvez nós sejamos um tipo de professor que em grau maior do que aqueles de outras matérias, costuma valer-se de conceitos de sua própria área em tom pejorativo, denegrindo o que deveria ser de seu domínio. Fazemos tábula rasa do que foi produzido ao longo de quase 200 anos. Não conseguimos acompanhar o movimento do pensamento e perceber como o conhecimento se amplia, se refaz pelos avanços da técnica, da ciência e pela inserção de diferentes práticas em diferentes culturas. Os clichês influenciam mais do que as inúmeras e inúmeras obras sobre Ginástica, sobre Jogo, Dança, e, sobretudo Esportes. É agradável constatar que os anos 90 trouxeram um olhar mais abrangente aos estudos e pesquisas sobre a Educação Física Escolar. Os reducionismos de natureza biológica, psicológica e social parecem não ter mais lugar no debate da área.

Hoje já é possível, no âmbito da Educação Física, pensar a ciência fora dos limites do positivismo e perceber que para tratar das atividades físicas em suas determinações culturais específicas, o conhecimento do homem implica em saber que a sua subjetividade e razão cognoscitiva se instalam em seu corpo e as linguagens corporais constituem-se em respostas a esta compreensão.
Sem esquecer a provisoriedade do conhecimento, afirmo aqui esta retomada da Educação Física como o lugar de aprender Ginástica, Jogos, Jogos Esportivos, Dança, Lutas, Capoeira.
Talvez as pesquisas sobre ensino hoje já possam romper com a visão tecnicista e mergulhar no conteúdo de cada área. Talvez hoje, estejamos necessitando estudar Ginástica, Jogos, Dança, Esportes e de posse destas fantásticas atividades codificadas pelo homem em sua história valer-se, criativamente, de metodologias que encerrem valores mais solidários, que apontem para uma saudável relação entre indivíduo e sociedade e vice-versa. O Ensino da Ginástica ou de qualquer Jogo Esportivo, por exemplo, sempre encerrará em seu interior uma dimensão técnica. Mas uma dimensão técnica não significa nem tecnicismo nem "performance". O lugar da "performance" não é na escola. O caráter lúdico pode prevalecer sempre numa aula de Educação Física, desde que ela seja realmente uma aula, ou seja, "um espaço intencionalmente organizado para possibilitar a direção da apreensão, pelo aluno, do conhecimento específico da Educação Física e dos diversos aspectos das suas práticas na realidade social" (Soares,1996).


terça-feira, 12 de julho de 2011

Estágios do Desenvolvimento Segundo Wallon

   Para Wallon, a evolução da criança processa- se em uma dialética de desenvolvimento na qual entram em jogo inúmeros fatores: metabólicos, morfológicos, psicotônicos, psicoemocionais, psicomotores e psicossociais. Nos aspectos psicomotores mais específicos, Wallon realça os seguintes estágios:

   Estágio Impulsivo (recém-nascido) Movimentos reflexos neste estágio são simples descargas de energia muscular, em que as reações tônicas e clônicas se apresentam sob a forma de espasmos descoordenados sem significado ou intenção (Gurewitch, 1926).

   Estágio Tônico- emocional (dos 6 aos 12 meses) A partir da descoordenação, da imperícia e da inquietação motriz inicial, a consciência esboça as suas primeiras aquisições que, embora ainda sincréticas e confusas, anunciam a chegada do movimento significativo (Wallon, 1928).

   Estágio Projetivo (dos 2 aos 3 anos) A percepção dos objetos e a sua descoberta pela respectiva manipulação ( Wallon 1958) torna-se possível a organização das primeiras representações, verdadeiras intenções gestuais e figurações motrizes baseadas nas múltiplas associações sensório-motoras adquiridas (Fonseca, 2008).

   Estágio Personalístico (dos 3 aos 4 anos) Este estágio está voltado para a pessoa, para o enriquecimento do eu, e, essencialmente, para a construção da personalidade, onde a consciência corporal adquirida paulatinamente ao longo dos estágios anteriores e a aquisição da linguagem se tornam os principais componentes integrados.

   Estágio Categorial (dos 6 aos 11 anos) Neste estágio, a criança torna-se mais atenta e auto disciplinada, as praticas sociais vão lhe permitir perceber  melhor as diferentes relações que os vários agentes sociais possuem.

   A diferenciação internalizada entre o espaço subjetivo e o espaço objetivo leva igualmente à separação do outro de forma mais consistente e não tão dependente ou confusional, dando inicio a uma relação com os outros e com os objetos mais independente, denominando-os e categorizando-os por qualidades e atributos, isto é conferindo-lhes  já uma individualidade própria mais estabilizada (Fonseca, 2008)

   Estágio da Puberdade e da Adolescência  A denominada crise da puberdade marca a passagem da infância à adolescência, passagem visível em termos somáticos e biológicos , na qual se operam mudanças evolutivas significativas, como como em termos psicológicos e sociais (Fonseca, 2008).

   Em uma palavra esse período subtende uma profunda reorganização do esquema corporal do ou da jovem (Schilder, 1963).

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Por que trabalhar com Jogos Psicomotores ?

   O que diferencia uma atividade puramente motora de uma estimulação psicomotora é a intenção planejada ,a necessidade de um plano de ação para se chegar ao fim desejado, inerente da psicomotricidade. A criança, na atividade psicomotora, é provocada a se desorganizar corporalmente para buscar respostas mais ajustadas ao estimulo que lhe foi apresentado. Seu sistema piramidal entra em funcionamento, buscando nas experiências previas uma partida para a resolução das tarefas e, com a mediação dos feedbacks que o meio lhe fornece, ela vai reestruturando sua ação, desenvolvendo-a ao meio de forma ajustada. Neste processo – sensação/ percepção/plano motor/feedback – a criança vive uma dimensão motora, cognitiva, afetiva e social.

   Na atividade motora a criança reproduz movimentos já conhecidos, automatizados e experimentados anteriormente, sem que seja defrontada com situações-problema que a levem a novas aprendizagens.( Gonçalves, 2011, p.295).

domingo, 10 de julho de 2011

O que é Psicomotricidade

Psicomotricidade é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização (s/a, psicomotricidade-meio eletrônico)

Chazaud (1976) define psicomotricidade como a organização funcional de uma determinada conduta e ação, sendo um certo tipo de prática de reabilitação gestual. Assim, a psicomotricidade consiste na unidade dinâmica dos gestos, das atitudes e das posturas enquanto sistema expressivo, idealizador e representativo do “ser-em-situação” e da coexistência com outrem. Ela inclui a orientação temporal e espacial das orientações do sujeito na prática harmonizada de seu corpo e dos objetos que ele manipula, visando a realização de suas intenções. A psicomotricidade como ciência da educação procura educar o movimento ao mesmo tempo em que desenvolve as funções da inteligência.

Para Negrine (2002), atualmente existem dois eixos pelos quais a psicomotricidade avança, que se diferenciam nos objetivos e intervenções pedagógicas: a psicomotricidade funcional e a psicomotricidade relacional.

A psicomotricidade funcional é aquela que toma como referência o perfil psicomotriz da criança, que é avaliado a partir de testes padronizados e utiliza-se de métodos diretivos, não deixando espaço para a exteriorização da expressão corporal. Já a psicomotricidade relacional diz respeito a uma abordagem que se sustenta na ação do brincar. Esta abordagem utiliza-se de métodos não-diretivos, embora a atividade que se oferece deve seguir um roteiro. Em outras palavras, uma sessão de psicomotricidade relacional deve ter inicio, meio e fim (NEGRINE, 2002).

O ponto fundamental da passagem da psicomotricidade funcional para a psicomotricidade relacional é a utilização do brinquedo, do ato de brincar, da liberdade de exploração dos objetos e da liberdade de expressão (CAUDURO, 2002). O eixo pelo qual esta pesquisa foi realizada e sobre o qual será discutido a seguir é o da psicomotricidade funcional.

Segundo De Meur;Staes (1991), o intelecto se constrói a partir da atividade física. As funções motoras (o movimento) não podem ser separadas do desenvolvimento intelectual (a memória, a atenção e o raciocínio) nem da afetividade (as emoções e os sentimentos). Para que o ato de ler e escrever se processe adequadamente, é indispensável o domínio de habilidades a ele relacionado, considerando que essas habilidades são fundamentais manifestações psicomotoras.

O desenvolvimento psicomotor caracteriza-se pela maturação que integra o movimento, o ritmo, a construção espacial, o reconhecimento dos objetos, das posições, a imagem do nosso corpo e a palavra. Assim, torna-se muito importante estimular o desenvolvimento psicomotor para que a criança conscientize-se de seus movimentos corporais que expressam suas emoções e suas descobertas (BUENO, 1998).

Conforme Barreto (2000), o desenvolvimento psicomotor é de suma importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, da postura, da direcionalidade, da lateralidade e do ritmo. A educação da criança deve evidenciar a relação através do movimento de seu próprio corpo, levando em consideração sua idade, a cultura corporal e os seus interesses. Essa abordagem constitui o interesse da educação psicomotora, que para ser trabalhada, necessita que sejam utilizadas as funções motoras, cognitivas, perceptivas, afetivas e sociomotoras.

Educação psicomotora é a educação da criança através de seu próprio corpo e de seu movimento. A criança é vista em sua totalidade e nas possibilidades que apresenta em relação ao seu meio-ambiente. A educação psicomotora atinge a criança na sua totalidade, pois através dela a criança explora o ambiente, passa por experiências concretas, indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual, e é capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a cerca (LE BOULCH, 1987).

Relacionar-se com o outro na escola, através do ensino, é fundamental. Nesse aspecto, as atividades psicomotoras propiciam para a criança uma vivência com espontaneidade das experiências corporais, criando um clima afetivo entre professoes e alunos, afastando os tabus e preconceitos que influenciam negativamente as relações interpessoais. Neste sentido a psicomotricidade é um meio de auxiliar a criança a superar suas dificuldades e prevenir possíveis inadaptações, procurando proporcionar condições mínimas para um bom desempenho escolar (LE BOULCH, 1982).

Segundo Negrine (1987), as aprendizagens psicomotoras são representadas, do ponto de vista educacional, como o ato de fazer, mas a execução de um gesto qualquer apresenta um componente cognitivo anterior, e é esse componente que facilitará ou não e execução deste novo gesto. Pode-se dizer que há uma relação entre a aprendizagem e as funções psicomotoras, sendo necessário entender o desenvolvimento destas funções assim como o desenvolvimento cognitivo, motor e psicossocial do aluno.

As funções psicomotoras necessárias para a organização da percepção envolvem o reconhecimento de esquema corporal, a lateralidade, a estruturação espacial e a orientação temporal (MEUR, 1989).

O esquema corporal é estudado pela psicomotricidade e esta noção de corporeidade é trabalhada a fim de manter o equilíbrio entre o corpo e a mente. Sem este equilíbrio o processo de aprendizagem e/ou o desenvolvimento motor fica comprometido. A criança percebe seu corpo através de todos os sentidos como a audição, a visão, a lateralidade, a coordenação, a comunicação e a orientação espacial, sendo que as práticas psicomotoras auxiliam na organização da imagem corporal. Na psicomotricidade, a atividade motora lúdica é fonte de prazer e através dela a criança poderá manifestar suas habilidades e dificuldades (CHAZAUD, 1976).

Segundo Meur (1989) o esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da personalidade da criança, pois se refere à formação do “eu”. No momento em que ele toma consciência de seu corpo, de seu ser, de suas possibilidades de agir e transformar o mundo em sua volta desenvolve sua personalidade.

Para Oliveira (1997), o corpo é uma forma de expressão da individualidade. A criança percebe o mundo a sua volta em função do próprio corpo e isto significa que, conhecendo-o, ela terá maior habilidade para diferenciar-se dos objetos circundantes, observando-os e manejando-os.

Cauduro (2002) ressalta que para uma boa elaboração do esquema corporal, é necessário que a criança receba o máximo de estimulação para que possa perceber e sentir o corpo. A criança só se sentirá bem à medida que seu corpo lhe obedecer, em que ela poderá conhecê-lo e automonitorar seu comportamento.

A organização do esquema corporal acontecerá paralelo à maturação da criança. A evolução psicomotora é sinônimo de conscientização e de conhecimento cada vez mais profundo sobre seu corpo. É com o corpo que a criança elabora todas as suas experiências vitais e organiza a sua personalidade (LE BOULCH, 1983). Uma criança cujo esquema corporal é mal formado não coordena bem os movimentos. Suas habilidades manuais tornam-se limitadas, o ato de vestir-se e despir-se se torna difícil, a leitura perde a harmonia, o gesto vem após a palavra e o ritmo de leitura não é mantido ou, então, é paralisado no meio de uma palavra. As noções de esquema corporal – tempo, espaço, ritmo – devem partir de situações concretas, nas quais a criança possa formar um esquema mental que anteceda à aprendizagem de leitura, do ritmo, dos cálculos (MEUR, 1989).

Segundo Vayer (1971) apud Galhardo (2004), um esquema corporal mal estruturado acarreta transtornos nas áreas motoras, perceptiva e social. Na área motora, a criança pode apresentar dificuldades tais como coordenação deficiente, lentidão e má postura. Na área perceptiva, pode ocasionar dificuldades de estruturação espaço-temporal e, na área social, problemas nas relações com outras pessoas originados por perturbações afetivas.

Para Negrine (1987), a lateralidade corporal se refere ao espaço interno do indivíduo, capacitando-o a utilizar um lado do corpo com maior desembaraço, percebendo que este possui dois lados e que um é mais utilizado que o outro. Embora a criança, quando bebê, utilize indiferentemente os dois lados do corpo e as duas metades, é com a maturação do organismo que ela vai estabelecendo sua preferência por um dos lados. Por influência do ambiente social, a criança pode ser levada a utilizar mais de um dos lados para atividades próprias da cultura e do meio. É durante o crescimento e a aquisição de experiências dentro do ambiente social que se define a dominância da lateralidade nas crianças, de forma natural. No entanto, quando a lateralidade não está bem definida, é comum ocorrerem problemas na orientação espacial, dificuldade na discriminação e na diferenciação entre seu lado dominante e o outro lado e incapacidade de seguir a direção gráfica, ou seja, iniciar a leitura pela esquerda (MEUR, 1989).

A organização ou estruturação espacial, segundo Fonseca (1995), é a tomada de consciência, pela criança, da situação de seu próprio corpo em um determinado meio ambiente, permitindo-lhe conscientizar-se do lugar e da orientação no espaço que pode ter em relação às pessoas e às coisas.

Segundo Bueno (1998), orientação ou estruturação temporal é a capacidade de situar-se em função da sucessão de acontecimentos, da duração dos intervalos, das renovações cíclicas de certos períodos e do caráter irreversível do tempo.

Estas duas funções psicomotoras – orientação espacial e temporal – são importante no processo de adaptação do individuo ao ambiente, já que todo o corpo, animado ou inanimado, ocupa necessariamente um espaço em um dado momento. A orientação espacial e temporal corresponde à organização intelectual do meio e está ligada à consciência, à memória e às experiências vivenciadas pelo individuo (NEGRINE, 1987).

Muitos fracassos em matemática, por exemplo, são produzidos pela má organização espacial ou temporal. Para efetuar cálculos, a criança necessita ter pontos de referência, colocar números corretamente, possuir noção de coluna e fileira e combinar formas para fazer construções geométricas (DE MEUR; STAES, 1991).

O desenvolvimento global da criança se dá através do movimento, da ação, da experiência e da criatividade, levando-a a conseguir plena consciência de si mesma, da sua realidade corporal que sente, pensa, movimenta-se no espaço, bem como encontra-se com os objetos e gradativamente distingue suas formas e se conscientiza das relações de si mesma com o espaço e o tempo, interiorizando, assim, a realidade (FONSECA, 1995).

Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 123 - Agosto de 2008

sábado, 9 de julho de 2011

Prelúdios psicomotores do pensamento segundo Wallon.

Para Henri Wallon, a atividade da criança começa por ser elementar e é essencialmente caracterizada por um conjunto de gestos sincréticos com significado filogenético, gestos de sobrevivência que já são, de saída a expressão de uma modulação tônica e emocional de ajustamento ao meio ambiente.
Até a aquisição da linguagem a motricidade é, pois, a característica existencial e essencial da criança, é a resposta preferencial e prioritária às suas necessidades básicas e aos seus estados emocionais e relacionais. A motricidade na criança é por isso, já nessa fase tão precoce, a expressão do seu psiquismo prospectivo.

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